Reconstruindo pontes

Reconstruindo pontes

A nossa democracia ganhou um respiro no último dia 30 de outubro. A maioria da população decidiu que a manutenção de uma república democrática é um valor inegociável para o futuro do nosso país. Ainda assim, ficou claro que vivemos em uma terra dividida quando nos deparamos com a eleição mais polarizada da história do Brasil.

E como disse o presidente eleito: não, não existem dois” Brazis”. Para que possamos olhar para a frente, é importante olhar com carinho para o cenário que está posto e buscar uma forma de pacificar as nossas relações. E eu não estou falando de tentar dialogar com quem inviabiliza todos os dias, essa possibilidade, mas de tentar reconstruir pontes com aqueles que de alguma forma, podem ser nossos aliados em uma luta que ainda não acabou – e que será difícil, já que o Bolsonarismo ainda está vivo, e forte nas casas legislativas.

Ora, será mesmo que a gente não consegue encontrar concordâncias com aquele tio, primo, vizinho, padrinho, colega que não admira o Bolsonaro, mas que tem ressalvas sobre o que foi feito nos governos anteriores? Será mesmo que a gente não consegue concordar que não se constrói um país sem democracia, que a nossa prioridade precisa ser impedir que os nossos jovens deixem a escola e que as famílias precisam consumir comida e não osso?

Em uma realidade tão dividida é preciso olhar para o que nos une antes daquilo que nos separa. Eu digo isso pois vejo que a há alguns anos vivemos nesse grande ciclo sem fim que estamos sempre combatendo algum dos políticos que não queremos por uma razão A ou B, e deixamos de olhar para o que mais importa.

Ademais, tenho certeza de que ainda teremos 4 anos de muita luta. Que precisaremos estar atentas e vigilantes para garantir e ampliar alguns dos direitos que conquistamos nos últimos anos. Sei que teremos que combater ainda mais ativamente a violência política de gênero, tão clara nessa campanha eleitoral e ainda, que abriremos uma caixa de pandora, e descobriremos qual é o tamanho do “rombo” e do retrocesso que um governo autoritário e corrupto nos deixou, mas convido a todos à olharmos para o futuro com um pouco mais de esperança e empatia

Só é possível evitar uma nova ameaça de ditadura se conseguirmos encontrar acordos entre os nossos desacordos. Sabemos que nós brasileiros não aguentamos mais uma nova eleição de nós contra eles, com 50% da população querendo exatamente o oposto da outra.  

Que daqui a 4 anos a gente consiga construir uma agenda que envolva educação, meio ambiente, economia e combate à pobreza, e assim a gente pode ter a chance de mais candidatos viáveis e uma eleição menos polarizada. 

Nesse meu último texto de 2022, desejo que a esperança em 2023 seja inabalável. E parafraseando um grande poeta brasileiro: Somos maiores, nos basta só sonhar e seguir.

Emicida

Até ano que vem. Boas festas! Vania Rodrigues!

Vania Rodrigues

Vânia Rodrigues

Vania Rodrigues, 40 anos, negra, periférica. Filha de pais semi analfabetos, vindos do nordeste do Brasil. Formada em Letras Português Inglês e Pedagogia, pela universidade Metodista de São Paulo, com especialização no ensino de Língua Portuguesa pela Universidade estadual de Campinas UNICAMP, cursando o último ano de Ciências Políticas pela universidade Cruzeiro do Sul. Atualmente, assessora de Articulação Política da deputada Tabata Amaral e coordenadora do Projeto de Voluntários do mandato. Voluntária na Educafro – Cursinho pré vestibular para Afrodescendentes e Carentes e Instituto Vamos Juntas – movimento suprapartidário que visa a Inclusão de mais mulheres na política.
Colunista do projeto Odara Conecta – projeto de empoderamento da mulher negra.

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