Precisamos ocupar todos os espaços

Precisamos ocupar todos os espaços

Na sociedade brasileira, pensar no papel social desempenhado pelas mulheres, é sempre um  exercício interessante, principalmente pela ótica da política, quando temos uma sociedade  construída sob proteção do machismo, do patriarcalismo, na qual o homem sempre ocupou o  espaço público e a mulher, o privado.

Durante muitos anos, as mulheres foram excluídas da política e isso reverbera até hoje. Na série Política: Substantivo Feminino?, feita em parceria com o Grupo Mulheres do Brasil – núcleo SC e o Politize, explorou a questão relacionada ao tema Mulher e Política e apontou  que o Brasil ocupa o terceiro Lugar na América Latina em menor representação parlamentar  de mulheres. Embora existam cotas eleitorais (lei que assegura uma porcentagem mínima de  30% e máxima de 70% a participação de determinado gênero em qualquer processo eleitoral  vigente) esse mecanismo pouco tem contribuído para melhorar a atuação e a chegada das  mulheres aos cargos do governo brasileiro. 

A baixa representação das mulheres na política, traz consequências para a formulação e  execução de políticas públicas de gênero.

Sobre representatividade negra na política, temos um choque ainda maior, mulheres negras  representam apenas 2% do Congresso Nacional e são menos de 1% na Câmara dos Deputados, essa dura realidade está diretamente ligada a questões estruturais da nossa sociedade, o machismo e o racismo.

Essa sub-representação na política reflete na idealização, construção e execução de políticas públicas como o pacote de projetos contra a pobreza menstrual (coautoria da Deputada Tabata Amaral PSB -SP) , que muito foi criticado por ser uma política feita de uma mulher para  todas as mulheres, e pela essa ausência de mulheres na política, nunca havia sido discutido, ou  seja, precisou que em 2019, uma mulher da periferia, pautasse esse assunto no congresso  para que essa questão, que é de saúde pública, fosse discutida. 

Na “onda” de mais mulheres na política, muitas ações foram criadas para que mulheres, que  já ocupam posições de lideranças em suas comunidades, se candidatassem a um cargo eletivo.  A intenção é ampliar as vozes de mulheres que historicamente foram excluídas das estruturas  de poder.  

A baixa representação das mulheres na política, traz consequências para a formulação e  execução de políticas públicas de gênero, não considerando as prioridades em questões como saúde, educação, assistência social, segurança pública, planejamento e urbanismo, habitação,  empreendedorismo e empregabilidade. 

É preciso proporcionar um debate adequado, amplo e plural de pensamentos e pontos de vista e estimular a criação de ações afirmativas que intensifiquem esses debates, com o objetivo de identificar e analisar a formulação de iniciativas legislativas e políticas de estado,  que fortaleçam a representatividade política das mulheres e combate à Violência de Gênero.

Vania Rodrigues

Vânia Rodrigues

Vania Rodrigues, 40 anos, negra, periférica. Filha de pais semi analfabetos, vindos do nordeste do Brasil. Formada em Letras Português Inglês e Pedagogia, pela universidade Metodista de São Paulo, com especialização no ensino de Língua Portuguesa pela Universidade estadual de Campinas UNICAMP, cursando o último ano de Ciências Políticas pela universidade Cruzeiro do Sul. Atualmente, assessora de Articulação Política da deputada Tabata Amaral e coordenadora do Projeto de Voluntários do mandato. Voluntária na Educafro – Cursinho pré vestibular para Afrodescendentes e Carentes e Instituto Vamos Juntas – movimento suprapartidário que visa a Inclusão de mais mulheres na política.
Colunista do projeto Odara Conecta – projeto de empoderamento da mulher negra.

Related Article

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *