Caminhos e escolhas na carreira da mulher

Caminhos e escolhas na carreira da mulher

A carreira da mulher reflete diversos aspectos da vida, sendo frequentemente menos linear. Estudiosos apontam que vida pessoal e profissional são analisadas de forma integrada quando elas tomam decisões sobre suas carreiras.

Em 2003, a jornalista americana Lisa Belkin criou o termo “Opt Out Revolution” – “opt out” –  após identificar que uma quantidade significativa de mulheres profissionais bem-sucedidas e altamente qualificadas optavam por deixar as suas carreiras executivas e buscavam trajetórias profissionais alternativas ao que era oferecido nas grandes organizações. Ela apontava que a razão principal desta evasão de mulheres estava relacionada à conciliação da carreira com a maternidade e questões familiares.

Diante das dificuldades enfrentadas, muitas mulheres têm buscado o empreendedorismo como alternativa.

A partir deste contexto, alguns modelos de carreira existentes ganharam um olhar mais atento de estudiosos, considerando as complexidades de decisão de carreira das mulheres. Diferentemente do que Lisa sugeria, o “opt out” não seria uma revolução e sim uma revolta contra ambientes de trabalho que não permitem que as pessoas atinjam o seu potencial, sejam autênticas e ao mesmo tempo sintam-se realizadas.

Uma das teorias que surge é a da “carreira caleidoscópio”, que considera que durante a vida profissional, uma pessoa rotacional um caleidoscópio, alterando suas prioridades quanto aos pilares de carreira: desafio, balanço entre trabalho e vida pessoal e a busca de autenticidade naquilo que faz. O modelo mostra que as mulheres são extremamente relacionais e não separam vida pessoal e profissional para tomar uma decisão de carreira.

Não coincidentemente, esta demanda por equilíbrio entre vida pessoal e trabalho e a busca pelo propósito no dia a dia estão cada vez mais presentes na vida de muitos profissionais e das organizações, conscientes deste movimento. Segunda pesquisa publicada pela Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL), Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e Sebrae, para a geração “Z” (os nascidos entre 1990 e 2010), o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal é o segundo principal indicador de sucesso profissional (38,6%), atrás apenas de trabalhar com o que gosta (42,1%).

Há muito a questão deixou de ser exclusiva das mulheres, mas não podemos deixar de olhar para as suas carreiras e, sim, considerar as questões que pesam mais para elas quando nos referimos à maternidade e cuidados com a família. Políticas corporativas e alternativas devem ser criadas para que seja possível reter os talentos femininos nas empresas e diminuir a desigualdade enfrentada por elas no mercado de trabalho.

Diante das dificuldades enfrentadas, muitas mulheres têm buscado o empreendedorismo como alternativa. De acordo com dados divulgados pela Rede Mulher Empreendedora, 60% das mulheres que empreendem são mães e a previsão é de que o empreendedorismo entre mulheres cresça entre 20% e 25% em 2021, impulsionado pelas dificuldades enfrentadas por elas durante a pandemia, em que houve queda da população ocupada feminina de mais de 4 milhões de pessoas entre o primeiro e segundo semestre de 2020. Segundo a fundadora e presidente da Rede, Ana Fontes, “Os negócios serão mais por necessidade do que por oportunidade”.

Os dados revelam a importância de que as decisões de carreira da mulher sejam cada vez mais por opção do que por exclusão. Afinal, somamos 52,6% da População em Idade Ativa no Brasil e nossa relevância para a economia e para a sociedade é indiscutível.

alice castro nunes

Alice Castro Nunes

Consultora de carreira e recolocação profissional para mulheres
Telefone/WhatsApp: +55 21 99106-6708
Insta: @alicecastronunes
Linkedin: alicecastronunes

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01 Comentário

  1. Luciana
    3 anos atrás

    Para mulher, mãe, o mundo corporativo é muito cruel mesmo. Triste

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