O caminho para o crescimento feminino é traçado em conjunto

O caminho para o crescimento feminino é traçado em conjunto

Nós, mulheres brasileiras conquistamos o direito de frequentar a escola em 1827 e somente passados 52 anos, em 1879 tivemos autorização de ingressarmos no ensino superior. Ou seja, são exatamente 143 anos. O que significam menos de 150 anos, o que historicamente é muito pouco tempo.

Apesar da história recente, atualmente as mulheres já representam 57% dos estudantes do ensino superior. Estamos presentes em 71,3% nos cursos de licenciatura e 54,90% nos cursos de bacharelado. Na pós-graduação, chegamos a representar 64%. Já, no mundo do empreendedorismo, em 2021 mais de 51% dos novos empreendimentos eram liderados por mulheres.

Como economista chamo a atenção do mercado que “as competências que nos trouxeram até aqui, podem não ser suficientes para nós levar adiante”. Em outras palavras, o mundo mudou e logicamente as pessoas e o mercado também. O perfil dos colaboradores, dos consumidores e da sociedade como um todo, não é mais o mesmo. Para se manter vivo é preciso estar atento aos sinais do mercado. “O futuro não chega do nada” ele dá sinais.

Entretanto, como mulher faço e compartilho a seguinte reflexão: Se nós, mulheres estudamos mais, empreendemos e somos responsáveis por 61% das decisões de consumo em nosso país. Dado que cresce anualmente. Então, por que em pleno o século XXI nós, as mulheres, apesar de todas as conquistas ainda estamos em situação de desigualdade?

Apesar dos avanços nos últimos anos, como o crescimento da presença feminina no ensino, no empreendedorismo, no mercado de trabalho (vale lembrar até 1962 as mulheres precisavam de autorização do pai ou do marido para trabalhar fora de casa) e a redução de diferenças salariais entre os homens e mulheres que caiu de 30% para 22% em 2021, as mulheres ainda precisam de esforços extras para demonstrar capacidade e conquistar espaços.

O fato é que para as mulheres, além de educação é preciso ir além. Vivemos em uma sociedade patriarcal e mulheres ainda ouvem piadas e carregam o estigma de relacionarem-se por interesse e gastar demais, ainda que pesquisas revelam que, na verdade os homens gastam mais que as mulheres.

Acredito demais no poder da SORORIDADE e meu mantra dos últimos anos é que “o caminho para o crescimento feminino é traçado em conjunto”. Por isto, através deste artigo deixo minha contribuição para avançarmos ainda por neste caminho de crescimento.

Mais que educação é preciso pensar e agir de maneira estratégica. Trazendo isto para vida financeira, especificamente que é o meu negócio, além de conhecimentos, as mulheres precisam, sobretudo entender e praticar a diferença entre educação financeira e inteligência financeira, visto que o conhecimento só traz resultado quando é colocado em prática.

Por isto, minha contribuição é, na verdade, uma provocação em torno de questionamentos para que possamos avaliar nossos hábitos de consumo. Isto não significa deixar de comprar e sim consumir de uma maneira mais consciente.

Para isto, trago o conceito de inteligência financeira que pressupõe agir de maneira inteligente com o dinheiro. A inteligência financeira é composta por ações e comportamentos com base nos conhecimentos adquiridos na educação financeira que, por mais que não aprendemos na escola é acessível a todos, seja através de cursos, vídeos, artigos, podcasts ou redes sociais.

A inteligência financeira é a habilidade de ter as ações com dinheiro sob controle, ou seja, conhecer exatamente suas capacidades financeiras, de forma que quando se adquire algo se faz pela real necessidade e sabe-se exatamente a capacidade de pagamento. Também se pressupõe não ter atitude impulsiva, sabendo a diferença entre preço baixo, preço alto e preço justo.

Logo, para este consumo consciente, minhas dicas são:

Dica 1

Utilizar a regra dos 3 P’s: Primeiro P – Por que comprar? Avalia o motivo da compra (necessidade) e utilidade; Segundo P – Preciso? Avalia a urgência (preciso agora?) e Terceiro e último P – Posso pagar? Avalia a capacidade de pagamento, mas significa pagar sem sacrifícios (pagar sem utilizar o limite da conta, rotativo do cartão de crédito ou adiar algum sonho ou projeto);

Dica 2

Questionar seus hábitos financeiros, analisando como as regras da sociedade impactam em sua vida financeira. Por que comprar a bolsa X que custa R$ 200,00 quando há uma similar que também é de ótima qualidade, custando R$ 89,90? Por que comprar o smartphone da última geração, se o meu é do ano passado e funciona perfeitamente?

Dica 3

Rever os estoques como os vários frascos de perfume, os diversos tipos de shampoos, cremes, maquiagens e esmaltes, as dezenas de pares de sapatos, blusinhas e vestidos e etc.

Dica 4

Reduzir os consumos exagerados como de excesso de luzes acessas, o banho excessivamente demorado, o consumo de água, de gás, vários planos de assinaturas, o streaming que você não assiste, a academia que você não vai, o curso que você não frequenta e etc.

Colocar o conhecimento em ação, agindo de forma inteligente e estratégica é valioso para a todos. Entretanto, para as mulheres pode significar um diferencial determinante nos avanços sociais e, consequentemente na redução das desigualdades de gênero, tendo em vista que o caminho para o crescimento feminino vai além da educação.

Dica 5

Eliminar o pagamento por coisas que podem ser de graça como tarifa de manutenção de conta correntes, anuidade de cartão de crédito, pagamento de juros por esquecimento e etc…

Até o próximo artigo…

UBUNTU!

*Artigo publicado originalmente no Linkedin.

Dirlene Silva

Dirlene Silva

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Economista, Mestre em Gestão e Negócios, Consultora de Inteligência Financeira, Coach e Mentora
https://www.linkedin.com/in/dirlenesilva/

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